Custa Caro

Queridos internautas, o cenário político do nosso país está cada vez mais retrógrado. Tempos feudais se reaproximam! Muito cuidado nesta hora. E a velha guarda do Senado parece ter bons motivos para comemorar a decisão do STF em tornar o diploma jornalístico secundário, afinal qual interesse dos mesmos com profissionais tão gabaritados? Para que programas jornalísticos bem feitos, com requinte, compromisso com a informação mesmo com fortes doses de humor? Porque, para se falar em coisa tão seria como corrupção, é necessário fazer cara de enterro, não é mesmo? Um nariz de palhaço é bem mais cabível.

Depois de tanto tempo sem dar as caras por aqui retorno para comentar e repudiar, o que deveria ter sido repercutido com mais ênfase pela nossa ilustre TV brasileira. Mas, como diz o ditado, do ponto de vista de inúmeros, notícia é o diferencial, ou seja, quando um cachorro morde o homem é fato corriqueiro, mas quando o homem morde o cão, ah meu amigo, aí sim você assistiria a uma cobertura de, no mínimo, três dias, repleta de sensacionalismo, ao estilo “Morte Michael Jackson”, com o perdão dos fãs. Mas, voltando ao que interessa jornalista ser mal tratado, agredido em Senado, Câmara do deputados, xingado, ter sua entrada proibida em espaços políticos não é nenhuma novidade, não é feita CPI alguma por isso, já um Senador agredido por um jornalista seria feriado nacional, audiência publica, CPI, o que fosse. Mas um ato desses não passaria despercebido.

O “Custe o que Custar” da Band, o programa de jornalismo, com humor inteligente, exibido às segundas-feiras, a partir da 22h15, foi testemunha da intolerância política com bons profissionais na última quarta-feira (29). Acreditem, em tempos de democracia, jornalistas ainda são agredidos por seguranças de parlamentares, como o do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O repórter Danilo Gentili foi agredido, sim, não há nenhum equívoco quando vocês leram A-G-R-E-D-I-D-O, pelos seguranças do senador, que acharam desrespeito por parte do jornalista do CQC em fazer simples perguntas, como por exemplo, como o então presidente do senado se sentia ao ver que não é tão poderoso como pensava. Foi aí que Sarney mostrou todo o seu “poder”, brutal, diga-se de passagem, Gentili foi agarrado por trás, derrubado no chão e de quebra ainda ganhou uns tapas e empurrões.

Calma... pensa que acabou por aqui? Tem mais! A polícia legislativa, diante das claras e evidentes imagens de agressão, disseram que não houve agressão nenhuma, que foi evidente a encenação de Danilo Gentili ao se “jogar ao chão” e os supostos empurrões não houveram, o segurança, queria, apenas, passar. É o cúmulo do descaramento. O que pensa o senado? Que além de inocentes, nós ainda somos burros? Ah não, nos tratar como inocentes, cidadãos de boa fé ainda é válido, mas como burros é demais pra mim. E você fica aí se perguntando porque eu estou aqui incluindo você no quadro dos “inocentes”. Mas amigo, diga-me, se você ainda acredita em honestidade, se pensa em um país melhor, em manchetes de jornais relatando boas ações e benefícios na sociedade feitos por políticos, aqueles que nós mesmos elegemos, pensa? Eu, sinceramente não penso mais! Depois de todos os atos que tenho visto estou desacreditada, confesso. E o pior, não vejo saída, porque tudo se foi, há dias a esperança deu as costas para mim, seu último barulho foi a batida do martelo do Supremo Tribunal Federal.

Clara Marinho (claramarinho@hotmail.com)