quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Realidade ou Ficção

Depois do início de uma guerra entre a Rede Globo e a Rede Record semana passada, em virtude da denúncia de lavagem de dinheiro feita pelo Ministério Público de São Paulo contra o Bisbo Edir Macedo (IURD)e mais nove pessoas ligadas a ele, (ver texto abaixo), a Globo aponta mais uma 'cutucada'na emissora concorrente e, de quebra, nos líderes religiosos.


Coincidência ou não com o ocorrido, o fato é que as gravações da 2ª temporada da série "Ó Paí Ó" tiveram início semana passada em Salvador- BA e nesta edição do programa Queixão, personagem vivido pelo ator Matheus Nachtergaele, ao ter se tornado evangélico, resolve fundar uma igreja e, com isso, desvia parte dos dízimos entregues pelos fiéis para seu benefício próprio. A igreja terá o nome de Tremor Divino por causa da ameaça de desabamento do cortiço onde vivem as personagens.

A diretora do filme de mesmo nome e da série, Monique Gardenberg, afirma que o roteiro desta temporada já havia sido escrito, mais especificamente desde o mês de abril deste ano, e que só se deu conta da semelhança entre ficção e realidade durante as filmagens.

'Brincar'com as ações da igreja (evangélica,católica e até de outras religiões) e com as atitudes de líderes religiosos é costume nas produções televisivas,principalmente em novelas Globais. Na maioria das vezes essa alusão à religião é mostrada com humor. Caricaturas até dão mais o ar de comédia. É o caso da série citada acima, que desde a 1ª temporada mostra atrevés de uma de suas personagens (Dona Joana) a falsa espertesa dos evangélicos.

De acordo com os autores a intensão disso tudo não passa de uma bricadeira, e os telespectadores devem encarar como tal.Na verdade, podemos interpretar como bricadeira sim, mas é impossível não enxergar qual opinião é passada nas tramas.

Independente das denúncias contra o fundador da Igreja Universal terem surgido justamente na mesma semana das gravações de uma série que retrata o mesmo crime da denúncia, coincidentemente ou não com a realidade,sempre haverá um jeito da Globo (e qualquer outra emissora ou mídia em geral)manifestar suas opiniões através de roteiros do entretenimento
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Saskia Coutinho

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Guerra declarada

No início desta semana, o Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra o fundador da Igreja Universal, Bispo Edir Macedo, e mais 9 pessoas, sob a acusação de uso do dinheiro da instituição religiosa para enriquecimento próprio.

De acordo com os autos do processo o dízimo, dado pelos fiéis, estaria sendo desviado para, dentre outras coisas, os investimentos do Bispo na área de comunicação, mais especificamente na Rádio e Televisão Record.

Eu não quero entrar nos méritos da questão, julgando se existem culpados ou inocentes nessa história.Minha intenção é apenas explanar o que essa denúncia se tornou na grande mídia: uma verdadeira guerra entre TV Globo e TV Record.

Se para as demais emissoras a denúncia contra Edir Macedo foi apenas mais uma notícia, para a Globo foi o acontecimento do ano. Desde que o fato veio à tona, todos os telejornais da emissora estão falando do assunto de uma maneira até certo ponto absurda. Ao que parece a direção de jornalismo da Globo separou folha por folha do processo e vai divulgar uma por dia.

Para reverberar a importância da denúncia, a Globo está acionando seus correspondentes internacionais, trazendo o que os jornais pelo mundo falaram sobre o caso. Esta atitude foi tomada como forma de dizer “não sou apenas eu que estou falando do caso”. Importante ressaltar também que ela mostrou vídeos antigos, onde aparece Edir Macedo em situações supostamente comprometedoras, como ensinando Pastores a pedir dinheiro.

Mesmo tentando a princípio não desrespeitar a fé evangélica, a TV dos Marinho , cometeu um grave deslize ao mostrar imagens de um culto captadas por câmera escondida. O objetivo era divulgar como era feito à cobrança financeira por parte dos sacerdotes. Só que o vigente código de ética dos jornalistas brasileiros, em seu Artigo 11, parágrafo III, diz que os profissionais não podem divulgar informações obtidas de maneira inadequada, como câmeras ou microfones ocultos, exceto quando se esgotarem possibilidades de apuração. O que não era o caso, pois cultos evangélicos são exibidos diariamente em diversos canais de TV.

Do outro lado da questão, como não poderia deixar de ser, a TV Record vestiu a camisa da Igreja Universal e foi pra briga. E além de se defender resolveu atacar o “Império Global”.

Na defesa ela apresentou os fundamentos da teologia da prosperidade, mostrando pessoas que teriam modificado as suas vidas após o ingresso na Universal. Mostrou também a grandeza da Igreja que está presente em várias partes do mundo.

Já no ataque fez um conjunto de acusações contra a Globo. Utilizando o conteúdo de um livro de um antigo funcionário global ( Afundação Roberto Marinho, de Romero da Costa Machado), disse que havia irregularidades na construção do Projac e que existia consumo de drogas em festas do alto escalão da emissora carioca. A Record disse ainda que a Globo Cabo surgiu de transações ilegais junto ao BNDES.

A emissora da Igreja Universal ainda quis retomar um velho debate sobre monopólio da informação, lembrando assim aquela velha lenda onde a TV Globo manda no Brasil.
Um dado interessante é que ambas as envolvidas na briga forma ouvir os parlamentares do Congresso Nacional, sobre o assunto. E claro que cada uma só levou ao ar os depoimentos daqueles que concordavam com a posição defendida pelas mesmas.

Voltando agora ao processo, Edir Macedo e as outras pessoas terão dez dias para apresentarem defesa depois que forem notificados pelo Ministério Público. E pode ter certeza que a guerra irá se intensificar ainda mais.

É bom enfatizar que o maior prejudicado com toda essa palhaçada é o povo brasileiro. Pois todos nós somos obrigados a assistir dois grupos milionários esquecendo a função social do jornalismo e fazendo uso de um bem público, que é a concessão televisiva, apenas para discutirem seus interesses particulares.


Jhonathan Oliveira

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

SUSTENTABILIDADE EM CASA



Sustentabilidade é a palavra de ordem do mundo de hoje. Acordamos com notícias de aumento nos níveis de temperatura no mundo, o derretimento das calotas polares, enchentes no Nordeste e secas no Sul. Na última semana os líderes das oito nações mais desenvolvidas do planeta e alguns outros de países em desenvolvimento, como o Brasil, chegaram ao consenso de que não medirão esforços para diminuir em 2° a temperatura do globo. Muita informação, não é?

Mas, e eu, que tenho a ver com toda essa “parafernália” de notícias, o que eu tenho feito para colaborar com a diminuição da poluição e construção de um mundo mais agradável? Indo de encontro à série de previsões apocalípticas e abrindo os olhos da população sobre o seu papel no processo de conservação do ambiente a TV Cultura lançou em abril o seu primeiro Reality Show. Nada de fazenda ou animais peçonhentos. O Ecopráticos leva aos lares brasileiros ferramentas eficazes de sustentabilidade, que todos podem executar de forma barata e organizada.

Como um “Lar Doce Lar”, os apresentadores levam especialistas para reeducar famílias e construir espaços ambientalmente corretos. São trabalhados temas como renovação de energias, melhor utilização da água, alimentação, reciclagem de resíduos, ecossistema, transportes, bem-estar e consumo, de maneira leve e divertida.

Por ser voltado, principalmente, para o público jovem, ele não se torna piegas ou cansativo. Pelo contrário, a utilização dos comentários e dúvidas dos participantes os colocam em situações divertidas, que torna mais agradável a assimilação do público. O programa é exibido aos domingos 21h e quartas-feiras às 19h30.


por Marlos Araújo

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cineastas na TV: produções diferenciadas

Na ânsia de apresentar produções inovadoras e mais bem elaboradas , a Globo escreveu um novo capítulo na relação TV-Cinema. A emissora lançou em um mês dois produtos comandados por cineastas e realizados em parcerias com suas respectivas produtoras: a minissérie Som e Fúria dirigida por Fernando Meireles e produzida pela O2 Filmes e a série Decamerão de Jorge Furtado e Casa de Cinema de Porto Alegre.


Ambas as obras trouxeram uma linguagem extremamente diferente da que o público da televisão está acostumado. Som e Fúria em diversas situações fazia uso do flashback e também da elipse (recurso em que se omite cenas óbvias para o telespectador). Já Decamerão apresenta como grande novidade o fato de todo o seu texto ser escrito em versos. Além disso elas também se diferenciavam na construção dos enredos explorando assuntos até certo ponto "virgens" na TV. A primeira mostrava o cotidiano de uma companhia teatral, com todas as suas dificuldades e glórias. E a mais recente se inspira no clássico da literatura realista,"Decameron"de Giovanni Boccaccio, construindo uma comédia de costumes que se passa no período medieval.




Entretanto, essa troca de influências entre diretores de cinema e profissionais de televisão vem crescendo já há um certo tempo.Por exemplo, Daniel Filho consagrou-se como diretor de novelas e hoje é o cara que mais filma no cinema brasileiro. João Emanuel Carneiro autor do sucesso A favorita foi roteirista do premiado Central do Brasil. Com o crescimento do nosso cinema e com a necessidade da televisão produzir coisas melhores, a tendência é que esse trafégo entre os dois meios fique cada dia maior.


Só gostaria de deixar um pedido ao pessoal da TV. Quando investirem em produções do tipo das citadas no texto, façam com um número maior de episódios, pois acho muito pequena a temporada em que elas ficam no ar.



Jhonathan Oliveira
*Disponível também no Cinema em Plano Geral

domingo, 2 de agosto de 2009

Mais do mesmo

Parece que os profissinais da televisão brasileira estão definitivamente perdendo o rumo. Pois o que leva alguém a investir em um roteiro, já utilizado em outras três produções? Por mais absurdo que possa parecer, a Record estreia nesta terça-feira(04/08) a novela Bela, a feia, versão brasileira para a mais saturada estória da teledramaturgia mundial.

Essa "nova" novela é o primeiro fruto da parceria entre a Rede Record e a Televisa. Da mesma forma que acontecia quando o SBT era parceiro da emissora mexicana, a TV de Edir Macedo fica "obrigada" a regravar produções da mesma.

Bela, a feia é uma adaptação de A feia mais bela, exibida no Brasil pelo SBT, e que por sua vez é um remake de Betty, a feia novela colombiana transmitida pela Rede TV!, que acabou se transformando na série americana Ugly Betty, também exibida pelo SBT. Isso para citar as mais famosas pois segundo o Portal Terra a produção brasileira é a vigésima regravação.

Então se a Record quiser causar alguma surpresa nos telespectadores, terá que acrescentar muitas novidades a trama. E vale ressaltar que a emissora está confiante nesse produto, tendo feito uma forte campanha de divulgação e tirado mais meia dúzia de atores do elenco da Globo.

O resultado real de Bela, a feia só poderá ser visto com o tempo. De certo é que essa parceria Brasil-México deverá acarretar em outras coisas pitorescas, pois já existem boatos que a Record tem intenção de produzir uma versão brasileira de Rebelde. Isso sim é televisão globalizada.

Veja as versões das feias pelo mundo clicando aqui.