No início desta semana, o Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra o fundador da Igreja Universal, Bispo Edir Macedo, e mais 9 pessoas, sob a acusação de uso do dinheiro da instituição religiosa para enriquecimento próprio.
De acordo com os autos do processo o dízimo, dado pelos fiéis, estaria sendo desviado para, dentre outras coisas, os investimentos do Bispo na área de comunicação, mais especificamente na Rádio e Televisão Record.
Eu não quero entrar nos méritos da questão, julgando se existem culpados ou inocentes nessa história.Minha intenção é apenas explanar o que essa denúncia se tornou na grande mídia: uma verdadeira guerra entre TV Globo e TV Record.
Se para as demais emissoras a denúncia contra Edir Macedo foi apenas mais uma notícia, para a Globo foi o acontecimento do ano. Desde que o fato veio à tona, todos os telejornais da emissora estão falando do assunto de uma maneira até certo ponto absurda. Ao que parece a direção de jornalismo da Globo separou folha por folha do processo e vai divulgar uma por dia.
Para reverberar a importância da denúncia, a Globo está acionando seus correspondentes internacionais, trazendo o que os jornais pelo mundo falaram sobre o caso. Esta atitude foi tomada como forma de dizer “não sou apenas eu que estou falando do caso”. Importante ressaltar também que ela mostrou vídeos antigos, onde aparece Edir Macedo em situações supostamente comprometedoras, como ensinando Pastores a pedir dinheiro.
Mesmo tentando a princípio não desrespeitar a fé evangélica, a TV dos Marinho , cometeu um grave deslize ao mostrar imagens de um culto captadas por câmera escondida. O objetivo era divulgar como era feito à cobrança financeira por parte dos sacerdotes. Só que o vigente código de ética dos jornalistas brasileiros, em seu Artigo 11, parágrafo III, diz que os profissionais não podem divulgar informações obtidas de maneira inadequada, como câmeras ou microfones ocultos, exceto quando se esgotarem possibilidades de apuração. O que não era o caso, pois cultos evangélicos são exibidos diariamente em diversos canais de TV.
Do outro lado da questão, como não poderia deixar de ser, a TV Record vestiu a camisa da Igreja Universal e foi pra briga. E além de se defender resolveu atacar o “Império Global”.
Na defesa ela apresentou os fundamentos da teologia da prosperidade, mostrando pessoas que teriam modificado as suas vidas após o ingresso na Universal. Mostrou também a grandeza da Igreja que está presente em várias partes do mundo.
Já no ataque fez um conjunto de acusações contra a Globo. Utilizando o conteúdo de um livro de um antigo funcionário global ( Afundação Roberto Marinho, de Romero da Costa Machado), disse que havia irregularidades na construção do Projac e que existia consumo de drogas em festas do alto escalão da emissora carioca. A Record disse ainda que a Globo Cabo surgiu de transações ilegais junto ao BNDES.
A emissora da Igreja Universal ainda quis retomar um velho debate sobre monopólio da informação, lembrando assim aquela velha lenda onde a TV Globo manda no Brasil.
Um dado interessante é que ambas as envolvidas na briga forma ouvir os parlamentares do Congresso Nacional, sobre o assunto. E claro que cada uma só levou ao ar os depoimentos daqueles que concordavam com a posição defendida pelas mesmas.
Voltando agora ao processo, Edir Macedo e as outras pessoas terão dez dias para apresentarem defesa depois que forem notificados pelo Ministério Público. E pode ter certeza que a guerra irá se intensificar ainda mais.
É bom enfatizar que o maior prejudicado com toda essa palhaçada é o povo brasileiro. Pois todos nós somos obrigados a assistir dois grupos milionários esquecendo a função social do jornalismo e fazendo uso de um bem público, que é a concessão televisiva, apenas para discutirem seus interesses particulares.
Jhonathan Oliveira